sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mínimos detalhes

(Passando do outro blog pra cá. Organizar é muito bom, né.)


~x~


Dois grandes olhos azuis, em sua opinião bem parecidos com grandes pedras de gelo. A íris era escura nas bordas e ia clareando gradativamente à medida que se aproximava do centro. As pálpebras eram grandes, com cílios curtos e louros, quase transparentes de tão claros. O rosto era marcante e bem masculino, com um nariz afilado e lábios finos (ainda mais quando se contraíam de raiva ou desgosto profundo). O cabelo era bem liso e sempre impecavelmente penteado, exceto na hora de dormir - o que nunca deixava de ser uma surpresa, dada a obsessão por organização e ordem do alemão. O corpo era musculoso, mas não em excesso. As pernas eram longas, ótimas para corridas de longa distância, o que quase sempre fazia Itália e Japão questionarem o porquê de Ludwig achar que eles conseguiriam acompanhá-lo um dia. O tórax era definido e marcado por várias cicatrizes, nenhuma muito grande, todas resultantes das incontáveis batalhas em que ele já estivera.


(As causadas por Itália se encontravam nas costas dele.)


A pele clara não era macia, muito menos áspera. Era confortável, se é que se podia aplicar essa definição. Depois de um longo dia de exposição solar, quase sempre ficava vermelha e cheia de manchinhas. O rosto sofria duplamente, tanto pela ação do sol quanto por todas as vezes em que o alemão acabava ficando corado - usualmente, depois de alguma coisa envolvendo Feliciano.


Realmente, havia muita coisa para reparar.


~x~


(Certo dia, Ludwig reclamou que ele só prestava atenção aos detalhes de obras de arte, nunca das máquinas de guerra.

Ele só disse que não era totalmente verdade.
)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

but love is not a victory march


It’s a cold and it’s a broken hallelujah

 (John Cale - Hallelujah)

~X~

Pela fresta da persiana, Yasu vê Nana olhando para sua janela, vê os olhos sem rumo da moça, vê quando ela foge correndo pela neve. A vontade era de descer as escadas e correr atrás dela, alcançá-la, abraçá-la forte, voltar com ela para o apartamento e deixá-la dormir em sua cama. Mas ele não tem coragem, pois ele não é Ren, ele não é Hachi, ela não é Reira, ele a ama demais para fingir que estaria tudo bem e ela não o ama desse jeito para fingir que está tudo bem.

Então, ele apenas tira os óculos e chora por Nana.

~X~

[Saiu depois da minha leitura do volume 03 de NANA, esses dias (eu sei que estou atrasada, me deixem), e depois de passar a noite ouvindo "Hallelujah" e sentindo angústia. E... É isso.
E que vontade de abraçar toda aquela gente perdida da série.]

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Aproveite o silêncio

("As Brumas de Avalon" não serão minhas nem nas próximas encarnações. Mas toda mulher tem um pouco de sacerdotisa em si.)


~x~

(Para aquela que veio do mar.)

~x~

Votos são ditos para serem quebrados
Sentimentos são intensos
Palavras são triviais
(Depeche Mode – Enjoy The Silence)

-

O momento favorito do dia para Gwenhwyfar era o início da manhã, quando o sono ia deixando lentamente seu corpo e ela podia sentir os braços fortes de seu marido a enlaçando com ternura.

Ela jamais confessaria isso ao padre. Ele a repreenderia, diria que a rainha não podia cair no pecado da preguiça, e lhe passaria ainda mais penitências do que as que ela já fazia por conta própria.

Mas, naqueles momentos de despertar, ela sabia que não era preguiça. Era apenas um momento onde o silêncio tomava conta de Camelot, e Gwen quase acreditava que existiam apenas ela e Arthur no mundo. Tudo o que importava era aquela presença quente e abençoada a seu lado, respirando profundamente, sem nada dizer.


Durante os breves minutos do início da manhã, não existiam palavras e planos que ela não compreendia, não existiam os gritos e rezas das serviçais, não havia intriga ou murmúrios. E não havia nomes familiares sendo repetidos ao ponto de se tornarem odiados. Seu corpo não clamava “Lancelote, Lancelote, Lancelote” a cada passo e os olhos de Arthur não pediam por Morgana.

No silêncio da manhã, era fácil para a rainha Gwenhwyfar acreditar (não, ter certeza) que amava seu rei de todo o coração.

E ela não achava que Deus podia condená-la por isso.


~x~

[Acho que é a segunda vez que escrevo algo de Brumas... Como nunca postei nada no fandom, fica mais fácil perder a conta e esquecer. –Q

Presente pra Morg linda ♥. É de coração, apesar de eu ter certeza de que está uma grande droga sem desenvolvimento algum -qs]

domingo, 17 de abril de 2011

Por Hora

(Ainda não tenho nenhum j-rocker - ou k-popper, for that matter. Mas um dia eu monto uma banda-harém e MASOQ)

X~X~X

Esses sorrisos são tudo o que posso te dar.
(Presente pra Hachi. Te amo, filhotinha <3)

X~X~X

“Por favor, não me dê mais nenhum sorriso que não seja meu.”

Uruha refletiu sobre a frase de Reita, encarando a paisagem que se estendia diante de sua sacada, a xícara de chocolate semi-esquecida ainda nas mãos.
Não era sua intenção primordial afastar Akira daquela maneira. Akira, sempre tão gentil e pronto a sair com ele, a ouvi-lo, a abraçá-lo todas as vezes que pedia. Akira, cujos abraços eram tão macios e quentes que confortavam Kouyou e o faziam esquecer da dor que apertava seu coração todos os dias.

“Por favor, não me dê mais nenhum sorriso que não seja meu.”

Kouyou queria que Akira soubesse que os sorrisos que desejava, ele não tinha mais. Não restara mais nenhum sorriso doce, de alegria ou paixão puras. Só haviam sobrado os sorrisos tristes, que sempre diziam “muito obrigado pelo gesto, mas não é o suficiente“ e que sempre o faziam querer esmurrar o espelho até as mãos sangrarem.

Ele odiava esses sorrisos tanto quanto Reita devia odiá-los, se não mais. Mas era tudo o que ele tinha a dar em troca pelos abraços e pela companhia. Uruha tinha a plena certeza de que Akira era excelente e dava tudo o que podia; era ele quem não tinha mais nada a oferecer.

Mas ele nunca disse isso ao outro, não quando eles tinham aqueles pequenos momentos juntos que calavam momentaneamente o vazio em seu peito, não quando a verdade podia acabar com tudo, como aconteceu naquela noite.

“Não era minha intenção partir o seu coração, Aki. Eu só não queria ter que te dizer que não tinha como te retribuir.”

Kouyou abandonou o chocolate quente – que já tinha esfriado – na mesa de centro, pegando o maço de cigarros e acendendo um. Observou enquanto a fumaça cinza fazia formas indistintas no ar frio, antes de se dissipar completamente. De certo modo, aquilo o ajudava a se acalmar.

Não tinha a mesma eficiência de braços levemente mais musculosos que os seus a lhe rodearem o torso, ou de um corpo menor encostado no dele. Mas era um conforto que não lhe cobrava nada em troca.

Por hora, era o bastante.

X~X~X

[Era pra eu estar estudando, mas fui ler a fic nova da Hachi. Aí saiu isso (e o final da fic pra Miih). RISOS ETERNOS DE QUEM VAI SE FERRAR NA PROVA DE AMANHÃ.

Eu ia postar no Nyah, mas deu uma preguiça do caramba. Fora que eu não achei o botãozinho pra logar -Q *incompetente*]

domingo, 10 de abril de 2011

We are broken



Ela encara o celular, o polegar encostando no número “nove”, pensando no que vai dizer. Mil discursos podem ser feitos. Mil perguntas. O que aconteceu, você nunca mais falou comigo, sinto sua falta, porque você me abandonou, a gente se dava tão bem, foi a religião, foi a música, foi seu namorado, eu te ofendi, onde você está, eu estou com saudades.

Então ela pensa melhor, ainda encarando o papel de parede do celular. O rumo que sua vida tomou desde aquele dia fatídico é tão bom. Amigos novos surgiram, quem está do lado dela mostrou que é porque realmente importava, os gostos mudaram radicalmente, ela não é mais a mesma de quando foi abandonada sem explicações. E nem quer voltar a ser.

Ela fecha o aparelho, o joga sobre a cama e se senta. Ligar agora não faria diferença nenhuma. Uma já não sabe mais o que a outra quer escutar, do que a outra gosta, o que é importante. Há muito tinham se perdido. A vontade de perguntar "por quê?" ainda existe, lá no fundo, mas a verdade é que a saudade já estava morta há tempos.

E, de qualquer maneira, ela já não se lembra mais do número.

X~X~X

[A Louise (@himebambi) lembrou no Twitter de uma pessoa que conhecíamos há uns tempos e que sumiu da vida de quase todo mundo. E isso surgiu.

Só a imagem não me pertence.]

domingo, 27 de fevereiro de 2011

We got everything wrong, love

("A Rede Social" não me pertence, em nenhuma forma. Se pertencesse, eu estaria twittando diretamente do Oscar a essa hora. Ou aproveitando a grana que o livro rendeu. Qualquer coisa nessa linha. -q)

X~X~X

Toda vez que eu olho para aquele livro, fico pensando se foi uma boa idéia não ter processado o autor assim que ele o lançou. Porque é estranho ver a nossa história – por mais que você queira negar, ainda é nossa, eu fui só um meio pra você, mas eu estava lá e você não pode apagar as lembranças de nós tão facilmente quanto apaga arquivos de um computador – sendo contada por alguém que não esteve lá. É mais imparcial? Talvez sim. Continua sendo dolorido? Continua. Parece que alguém entrou na sua mente e devassou suas memórias e as publicou, mas sem o seu verniz de ódioamarguraperguntassemresposta? Definitivamente.

E se você parar para perceber, vai concordar comigo. Do jeito que foi passada para o papel, a nossa história parece muito com um romance que deu errado porque as duas partes nunca aprenderam a se comunicar.

E o que mais me dói é saber que isso não é ficção pura e que nós realmente demos errado em todos os aspectos. Até nesse.

(Porque não pudemos ser normais e felizes, Mark?)

X~X~X

[Coisinha inspirada nesse post, que contém a estante de livros mais linda que eu já vi. E estou falando do conteúdo, porque não entendo nada de design de móveis.
E porque minhas musas queriam que eu escrevesse algo hoje, mas nenhum dos fandoms habituais quis colaborar :( ]

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

As a Girl

(Hetalia não me pertence. Mas a Hungria somos nós. Né, mana?)

X~X~X

Hungria se sente um pouco culpada por criar Itália como menina.
(Presente de aniversário pra Lils.)

X~X~X

Às vezes, Hungria se sente culpada por criar Itália como uma menina. Roderich ainda não percebeu a diferença (e ela agradece a Deus por sua tática de não deixá-lo dar banho na criança não ser questionada), mas um dia ela sabe que a verdade será descoberta. Ela não tem más intenções ao fazer isso, ela apenas acha que Feliciano fica lindo com as roupas delicadas que são feitas para garotas.

Além disso, Elizaveta sempre sentiu que Sacro Império Romano tinha seu ponto fraco na figura do italianinho. Todas aquelas disputas para ficar com ele só podiam resultar em algo significativo mais tarde. E, se fazê-lo usar roupas femininas e criá-lo como menina fosse o modo de possibilitar um futuro para os dois sem criar problemas com a Igreja ou com quem quer que fosse, era exatamente isso que ela iria fazer.

De qualquer maneira, não era como se Itália não soubesse que era menino. Ele só não tinha muita noção das diferenças entre gêneros (e, por mais que Hungria ficasse tentada a explicá-lo um dia utilizando suas revistas “especiais”, era melhor não fazer isso). E ela não o impedia de fazer coisas de menino em seu tempo livre ou, até mesmo, fora dele. Os arranhões causados pelas escaladas em árvores eram prova disso.

(Na verdade, ela também punha nessa conta as inúmeras vezes em que um retrato de Áustria aparecia com um enorme bigode preto pintado. Há um limite não-dito, mas perceptível, para o número de vezes que uma menina estraga “por acidente” um retrato de seu tutor enquanto limpa a casa.)

Algumas vezes, Elizaveta pensa se não está fazendo com Feliciano o mesmo que seu avô fez com ela. E a resposta é sempre afirmativa. A diferença estava nos detalhes (o detalhe maior sendo o gênero de cada um). E, algumas vezes, ela se pergunta se não está transformando seu menininho querido em alguém que não saberá se comportar adequadamente no futuro.

(Porque mesmo depois de anos usando vestidos, ela ainda não tinha se acostumado, preferindo as calças do uniforme militar. Para não falar dos saltos, perucas, espartilhos e o diabo a quatro que ela precisava usar como mulher.)

Ela parou um pouco sua reflexão quando viu o pequeno ser que a motivava. Lá estava Feliciano, sentado num banquinho perto do mais novo retrato “modificado” de Roderich, cantando e balançando a cabeça, fazendo o cabelo se mover em todas as direções (e o cabelo dele já estava nos ombros. Como crescia rápido! Não fazia nem dois meses do último corte).

Quando ele percebeu que a húngara estava na sala, virou-se para ela, agitado.

- São laços na sua mão, Hungria-chan?

- Sim, querido. Qual você quer? – pergunta ela, sorrindo e estendendo as fitas de diferentes cores para a criança. Encantado, Feliciano analisa uma a uma com suas mãozinhas e por fim escolhe uma verde e uma vermelha.

- Boa escolha, Feli. Essas são lindas.

- São as nossas cores, Hungria-chan! – disse ele, dando seu maior sorriso e se virando para que Elizaveta pudesse pentear seu cabelo.

Sim, ela ficava preocupada, pensando que talvez não estivesse fazendo a coisa certa ao criar o pequeno país daquele jeito. Mas talvez não fosse tão ruim assim. Afinal, já que ela era uma garota que entendia o universo masculino, o que havia de mal em criar um menino que entendesse o universo feminino?

Além do mais, o cabelo de Feliciano era muito macio e ela adorava penteá-lo.
E ele ficava lindo de marias-chiquinhas.

X~X~X

[FELIZ ANIVERSÁRIO, GÊMULA!!

Essa fic estava em gestação na minha cabeça há tempos, mas a coragem pra escrever nunca vinha. Perceba como eu trabalho melhor sob pressão, rs. E eu sei que você sabe de onde saiu a inspiração =D

E sim, está ridiculamente curta, mas é de coração. NÃO IMPORTA O TAMANHO, O IMPORTANTE É A SATISFAÇÃO DO PRESENTEADO E –Q

E o lance das cores deles... Bom, olhando na Wiki, as bandeiras (tanto da Hungria quanto da Itália) só foram instituídas com as cores verde, vermelho e branco depois de 1700. Entonces, consideremos como sendo as cores do uniforme deles... Até porque é mesmo (mas essa explicação é tão nhé que acho melhor pensar nas bandeiras mesmo *tiros*).

Enfim, amore. Espero que tenha gostado <3

(Claro que gostou. Hungria + Itália + maria-chiquinha + Áustria de bigode = AMOR.)]