quinta-feira, 17 de maio de 2012

Versões da história


A história poderia ser maior ou menor, só dependia de quem estava contando.

~x~

Pra todos que sentem tanta falta de SaiNaru quanto eu (duas pessoas, até onde estou sabendo).

~x~

Se alguém perguntasse a Naruto como a história entre ele e o desenhista que morava no apartamento vizinho tinha realmente começado, ele diria que foi no dia em que ele precisou de ajuda para transportar sua geladeira nova da portaria do prédio até o terceiro andar. A compra já tinha sido programada há tempos, mas, por descuido, Naruto se esquecera de guardar o dinheiro para pagar os entregadores para que eles levassem o trambolho até seu apartamento. Resultado: ele acabou sentado na portaria, desolado, pensando em como poderia transportar a geladeira até lá (sim, o prédio tinha elevador, mas Naruto jamais conseguiria levar aquilo sozinho até lá. Além disso, ele e o porteiro nunca estiveram nos melhores termos, o que invalidava a idéia de pedir ajuda).

Então, para sua salvação, o dito desenhista – Sai – apareceu, para verificar sua correspondência. Àquela data, já estavam bastante amigos, então foi a ele que Naruto recorreu.

Muitos tropeços – um deles quase literal, na saída do elevador – depois, a geladeira finalmente estava instalada no apartamento de Naruto, e tanto ele quanto Sai estavam encostados na pia, rindo sem parar (em retrospecto, a mini-jornada tinha sido divertida, apesar da dor subseqüente nos braços de ambos).

Foi naquele momento, o loiro diria a quem perguntasse, ouvindo a risada do outro, que ele sentiu o “clique”; que tudo se encaixou e ele se percebeu apaixonado; dali em diante, só lhe restou uma dúvida: se deveria convidá-lo ou não para um jantar no Ichiraku Lamen, a duas quadras do prédio.

(Ele demorou dois dias para pedir.)

-

Se alguém perguntasse a Sai como a história entre ele e o estudante de Educação Física que morava no 802 tinha começado, ele retrocederia ainda mais e começaria a contar um caso de quando tinha acabado de se mudar para o prédio e, exercitando sua falta de tato, acabara ofendendo Sakura, a moça de cabelo cor-de-rosa que morava no 805. O desenhista não se lembrava exatamente o que tinha ocorrido, mas se lembrava que Naruto a havia defendido (não com muita habilidade, mas a intenção dele era boa) e que quase houve uma briga no meio do corredor – ou melhor, Naruto quase pulara no pescoço dele por causa de uma tirada sarcástica e Sakura quase batera nos dois para que eles parassem.

O início da convivência não parecera nada promissor, mas os três conseguiram chegar a um entendimento e acabaram ficando amigos, de certa forma, o que ajudou muito nas habilidades sociais de Sai. Desde cedo, nunca fora particularmente incentivado a desenvolver laços com outras pessoas – à exceção de seu falecido irmão mais velho – e era invariavelmente acusado de falso quando resolvia ser cortês, então passara a dar pouca importância a isso, exceto quando não fosse possível evitar. Essa situação não o incomodava tanto, mas desde que conhecera Naruto, começara a se esforçar um pouco mais para entender como seres humanos se socializavam.

(Não ser visto como falso pelas pessoas que passara a considerar como amigas também era um bom incentivo.)

Então, mais ou menos três meses depois, num sábado, ele e Naruto acabaram indo a um bar depois do término das aulas. (A essa altura da história, talvez os olhos de Sai ficassem mais doces, mas quase ninguém que estivesse ouvindo perceberia a mudança.)

Ele não se lembra bem como os dois conseguiram voltar para casa depois de todas as rodadas de saquê que bebera – e duvida muito que Naruto se lembre -, mas se lembra de estar sentado no chão do apartamento do loiro, encostado no sofá verde e servindo de apoio para o amigo, enquanto este lhe contava uma longa história sobre um antigo conhecido, chamado Sasuke Uchiha, de quem ele e Sakura tinham sido amigos nos tempos de escola e com quem tinham uma história enrolada (Sakura gostava assumidamente de Sasuke; Naruto também gostava dele, mas disfarçava usando rivalidade adolescente; Sasuke tinha problemas demais para retribuir o afeto de qualquer um dos dois).

No fim, Naruto estava soluçando no ombro de Sai, enquanto ele acariciava seu cabelo e tentava acalmá-lo. Ele pode ou não ter tentado achar alguma palavra de conforto, disso ele também não se lembra. Mas sabe que acordou no outro dia ainda sentado no mesmo lugar e com a cabeça do loiro em seu colo. A ressaca acabou sendo horrível – saquê tinha esse efeito colateral nele -, mas pensar em Naruto chorando por outro na noite anterior era ainda pior.

Foi naquele dia, entre comprimidos para dor de cabeça e um projeto para começar, que Sai sentiu o “clique” dentro de si e jurou que, acontecesse como acontecesse, faria o possível para nunca dar motivos para que Naruto chorasse daquela maneira. Ou de qualquer maneira.

Não tinha a menor ideia de como poderia dizer ao amigo como se sentia, mas bem, ele nunca tivera ideia de como se relacionar minimamente com gente, e ali estava ele, com dois amigos, não estava? Algum jeito haveria.

E depois veio a geladeira.

(Pra ele, o pedido para jantar demorou um mês e meio, mais ou menos.)

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Se alguém perguntasse a Sakura como seus dois amigos do prédio tinham começado a namorar, ela diria que existiam duas versões, mas ambas chegavam à mesma conclusão: ambos continuam sendo os mesmos idiotas de sempre, mas agora se amando loucamente. Era tudo o que realmente importava, no final.

O resto era apenas história.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mínimos detalhes

(Passando do outro blog pra cá. Organizar é muito bom, né.)


~x~


Dois grandes olhos azuis, em sua opinião bem parecidos com grandes pedras de gelo. A íris era escura nas bordas e ia clareando gradativamente à medida que se aproximava do centro. As pálpebras eram grandes, com cílios curtos e louros, quase transparentes de tão claros. O rosto era marcante e bem masculino, com um nariz afilado e lábios finos (ainda mais quando se contraíam de raiva ou desgosto profundo). O cabelo era bem liso e sempre impecavelmente penteado, exceto na hora de dormir - o que nunca deixava de ser uma surpresa, dada a obsessão por organização e ordem do alemão. O corpo era musculoso, mas não em excesso. As pernas eram longas, ótimas para corridas de longa distância, o que quase sempre fazia Itália e Japão questionarem o porquê de Ludwig achar que eles conseguiriam acompanhá-lo um dia. O tórax era definido e marcado por várias cicatrizes, nenhuma muito grande, todas resultantes das incontáveis batalhas em que ele já estivera.


(As causadas por Itália se encontravam nas costas dele.)


A pele clara não era macia, muito menos áspera. Era confortável, se é que se podia aplicar essa definição. Depois de um longo dia de exposição solar, quase sempre ficava vermelha e cheia de manchinhas. O rosto sofria duplamente, tanto pela ação do sol quanto por todas as vezes em que o alemão acabava ficando corado - usualmente, depois de alguma coisa envolvendo Feliciano.


Realmente, havia muita coisa para reparar.


~x~


(Certo dia, Ludwig reclamou que ele só prestava atenção aos detalhes de obras de arte, nunca das máquinas de guerra.

Ele só disse que não era totalmente verdade.
)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

but love is not a victory march


It’s a cold and it’s a broken hallelujah

 (John Cale - Hallelujah)

~X~

Pela fresta da persiana, Yasu vê Nana olhando para sua janela, vê os olhos sem rumo da moça, vê quando ela foge correndo pela neve. A vontade era de descer as escadas e correr atrás dela, alcançá-la, abraçá-la forte, voltar com ela para o apartamento e deixá-la dormir em sua cama. Mas ele não tem coragem, pois ele não é Ren, ele não é Hachi, ela não é Reira, ele a ama demais para fingir que estaria tudo bem e ela não o ama desse jeito para fingir que está tudo bem.

Então, ele apenas tira os óculos e chora por Nana.

~X~

[Saiu depois da minha leitura do volume 03 de NANA, esses dias (eu sei que estou atrasada, me deixem), e depois de passar a noite ouvindo "Hallelujah" e sentindo angústia. E... É isso.
E que vontade de abraçar toda aquela gente perdida da série.]

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Aproveite o silêncio

("As Brumas de Avalon" não serão minhas nem nas próximas encarnações. Mas toda mulher tem um pouco de sacerdotisa em si.)


~x~

(Para aquela que veio do mar.)

~x~

Votos são ditos para serem quebrados
Sentimentos são intensos
Palavras são triviais
(Depeche Mode – Enjoy The Silence)

-

O momento favorito do dia para Gwenhwyfar era o início da manhã, quando o sono ia deixando lentamente seu corpo e ela podia sentir os braços fortes de seu marido a enlaçando com ternura.

Ela jamais confessaria isso ao padre. Ele a repreenderia, diria que a rainha não podia cair no pecado da preguiça, e lhe passaria ainda mais penitências do que as que ela já fazia por conta própria.

Mas, naqueles momentos de despertar, ela sabia que não era preguiça. Era apenas um momento onde o silêncio tomava conta de Camelot, e Gwen quase acreditava que existiam apenas ela e Arthur no mundo. Tudo o que importava era aquela presença quente e abençoada a seu lado, respirando profundamente, sem nada dizer.


Durante os breves minutos do início da manhã, não existiam palavras e planos que ela não compreendia, não existiam os gritos e rezas das serviçais, não havia intriga ou murmúrios. E não havia nomes familiares sendo repetidos ao ponto de se tornarem odiados. Seu corpo não clamava “Lancelote, Lancelote, Lancelote” a cada passo e os olhos de Arthur não pediam por Morgana.

No silêncio da manhã, era fácil para a rainha Gwenhwyfar acreditar (não, ter certeza) que amava seu rei de todo o coração.

E ela não achava que Deus podia condená-la por isso.


~x~

[Acho que é a segunda vez que escrevo algo de Brumas... Como nunca postei nada no fandom, fica mais fácil perder a conta e esquecer. –Q

Presente pra Morg linda ♥. É de coração, apesar de eu ter certeza de que está uma grande droga sem desenvolvimento algum -qs]

domingo, 17 de abril de 2011

Por Hora

(Ainda não tenho nenhum j-rocker - ou k-popper, for that matter. Mas um dia eu monto uma banda-harém e MASOQ)

X~X~X

Esses sorrisos são tudo o que posso te dar.
(Presente pra Hachi. Te amo, filhotinha <3)

X~X~X

“Por favor, não me dê mais nenhum sorriso que não seja meu.”

Uruha refletiu sobre a frase de Reita, encarando a paisagem que se estendia diante de sua sacada, a xícara de chocolate semi-esquecida ainda nas mãos.
Não era sua intenção primordial afastar Akira daquela maneira. Akira, sempre tão gentil e pronto a sair com ele, a ouvi-lo, a abraçá-lo todas as vezes que pedia. Akira, cujos abraços eram tão macios e quentes que confortavam Kouyou e o faziam esquecer da dor que apertava seu coração todos os dias.

“Por favor, não me dê mais nenhum sorriso que não seja meu.”

Kouyou queria que Akira soubesse que os sorrisos que desejava, ele não tinha mais. Não restara mais nenhum sorriso doce, de alegria ou paixão puras. Só haviam sobrado os sorrisos tristes, que sempre diziam “muito obrigado pelo gesto, mas não é o suficiente“ e que sempre o faziam querer esmurrar o espelho até as mãos sangrarem.

Ele odiava esses sorrisos tanto quanto Reita devia odiá-los, se não mais. Mas era tudo o que ele tinha a dar em troca pelos abraços e pela companhia. Uruha tinha a plena certeza de que Akira era excelente e dava tudo o que podia; era ele quem não tinha mais nada a oferecer.

Mas ele nunca disse isso ao outro, não quando eles tinham aqueles pequenos momentos juntos que calavam momentaneamente o vazio em seu peito, não quando a verdade podia acabar com tudo, como aconteceu naquela noite.

“Não era minha intenção partir o seu coração, Aki. Eu só não queria ter que te dizer que não tinha como te retribuir.”

Kouyou abandonou o chocolate quente – que já tinha esfriado – na mesa de centro, pegando o maço de cigarros e acendendo um. Observou enquanto a fumaça cinza fazia formas indistintas no ar frio, antes de se dissipar completamente. De certo modo, aquilo o ajudava a se acalmar.

Não tinha a mesma eficiência de braços levemente mais musculosos que os seus a lhe rodearem o torso, ou de um corpo menor encostado no dele. Mas era um conforto que não lhe cobrava nada em troca.

Por hora, era o bastante.

X~X~X

[Era pra eu estar estudando, mas fui ler a fic nova da Hachi. Aí saiu isso (e o final da fic pra Miih). RISOS ETERNOS DE QUEM VAI SE FERRAR NA PROVA DE AMANHÃ.

Eu ia postar no Nyah, mas deu uma preguiça do caramba. Fora que eu não achei o botãozinho pra logar -Q *incompetente*]

domingo, 10 de abril de 2011

We are broken



Ela encara o celular, o polegar encostando no número “nove”, pensando no que vai dizer. Mil discursos podem ser feitos. Mil perguntas. O que aconteceu, você nunca mais falou comigo, sinto sua falta, porque você me abandonou, a gente se dava tão bem, foi a religião, foi a música, foi seu namorado, eu te ofendi, onde você está, eu estou com saudades.

Então ela pensa melhor, ainda encarando o papel de parede do celular. O rumo que sua vida tomou desde aquele dia fatídico é tão bom. Amigos novos surgiram, quem está do lado dela mostrou que é porque realmente importava, os gostos mudaram radicalmente, ela não é mais a mesma de quando foi abandonada sem explicações. E nem quer voltar a ser.

Ela fecha o aparelho, o joga sobre a cama e se senta. Ligar agora não faria diferença nenhuma. Uma já não sabe mais o que a outra quer escutar, do que a outra gosta, o que é importante. Há muito tinham se perdido. A vontade de perguntar "por quê?" ainda existe, lá no fundo, mas a verdade é que a saudade já estava morta há tempos.

E, de qualquer maneira, ela já não se lembra mais do número.

X~X~X

[A Louise (@himebambi) lembrou no Twitter de uma pessoa que conhecíamos há uns tempos e que sumiu da vida de quase todo mundo. E isso surgiu.

Só a imagem não me pertence.]

domingo, 27 de fevereiro de 2011

We got everything wrong, love

("A Rede Social" não me pertence, em nenhuma forma. Se pertencesse, eu estaria twittando diretamente do Oscar a essa hora. Ou aproveitando a grana que o livro rendeu. Qualquer coisa nessa linha. -q)

X~X~X

Toda vez que eu olho para aquele livro, fico pensando se foi uma boa idéia não ter processado o autor assim que ele o lançou. Porque é estranho ver a nossa história – por mais que você queira negar, ainda é nossa, eu fui só um meio pra você, mas eu estava lá e você não pode apagar as lembranças de nós tão facilmente quanto apaga arquivos de um computador – sendo contada por alguém que não esteve lá. É mais imparcial? Talvez sim. Continua sendo dolorido? Continua. Parece que alguém entrou na sua mente e devassou suas memórias e as publicou, mas sem o seu verniz de ódioamarguraperguntassemresposta? Definitivamente.

E se você parar para perceber, vai concordar comigo. Do jeito que foi passada para o papel, a nossa história parece muito com um romance que deu errado porque as duas partes nunca aprenderam a se comunicar.

E o que mais me dói é saber que isso não é ficção pura e que nós realmente demos errado em todos os aspectos. Até nesse.

(Porque não pudemos ser normais e felizes, Mark?)

X~X~X

[Coisinha inspirada nesse post, que contém a estante de livros mais linda que eu já vi. E estou falando do conteúdo, porque não entendo nada de design de móveis.
E porque minhas musas queriam que eu escrevesse algo hoje, mas nenhum dos fandoms habituais quis colaborar :( ]