Ela realmente tentava fingir.
Fingia que achava as interrupções dele estúpidas, fingia que não concordava com o que ele dizia, fingia que se incomodava com o cabelo descolorido, a faixa sobre o nariz e o gosto musical.
Simplesmente para não ter que admitir que era exatamente igual a ele e passar a ser vista como estranha pelos outros.
A maldita vontade de se encaixar e sumir na multidão, só para não ser incomodada.
Entretanto, naquela tarde ela não conseguiu mais fingir.
Não quando aquela viagem saía tão perfeita, e ele estava ali, em sua frente, os cabelos loiros rebeldes se agitando com a brisa, sorrindo levemente com a própria piada ruim (que finalmente a fizera rir) e segurando um livro beatnik qualquer comprado na barraca em frente.
A única coisa que ela conseguia fazer era rezar para que aquele momento nunca terminasse.
Mas, como todo pôr-do-sol, aquele também teve um fim.
E ela recolocou sua máscara (que deixara cair na frente dele) e voltou a fingir que nunca concordariam em nada.
Mesmo sabendo que, se continuasse caminhando assim, acabaria perdendo-o antes de tê-lo.
Mesmo assim, seguiu em frente. E teve que continuar seguindo, carregando junto consigo a indiferença dele e suas próprias lágrimas.
Tudo oculto pela máscara – cada vez mais pesada.
(Era como a história daquela menina, cujo rosto ia crescendo dentro da máscara dentro da qual estava oculto. Doía, machucava, deformava e, eventualmente, a mataria, mas ela não conseguia tirar. Não sozinha.
E ele nunca pode ajudá-la, porque nunca soube.)
X~X~X
[E pensar que isso é praticamente autobiográfico. Não, eu nunca tive nada com o Reita, do the GazettE (sim, é ele o cara com faixa na cara. E quem me dera 8D), mas foi tudo malz ou menos assim. Ainda bem que terminou.
E a viagem foi pra Ouro Preto. Ainda quero voltar lá um dia e curtir tudo direito, porque, basicamente, eu não prestei atenção em quase nada, RERE -q]