quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Máscara

Ela realmente tentava fingir.

Fingia que achava as interrupções dele estúpidas, fingia que não concordava com o que ele dizia, fingia que se incomodava com o cabelo descolorido, a faixa sobre o nariz e o gosto musical.

Simplesmente para não ter que admitir que era exatamente igual a ele e passar a ser vista como estranha pelos outros.

A maldita vontade de se encaixar e sumir na multidão, só para não ser incomodada.

Entretanto, naquela tarde ela não conseguiu mais fingir.

Não quando aquela viagem saía tão perfeita, e ele estava ali, em sua frente, os cabelos loiros rebeldes se agitando com a brisa, sorrindo levemente com a própria piada ruim (que finalmente a fizera rir) e segurando um livro beatnik qualquer comprado na barraca em frente.

A única coisa que ela conseguia fazer era rezar para que aquele momento nunca terminasse.

Mas, como todo pôr-do-sol, aquele também teve um fim.

E ela recolocou sua máscara (que deixara cair na frente dele) e voltou a fingir que nunca concordariam em nada.

Mesmo sabendo que, se continuasse caminhando assim, acabaria perdendo-o antes de tê-lo.

Mesmo assim, seguiu em frente. E teve que continuar seguindo, carregando junto consigo a indiferença dele e suas próprias lágrimas.

Tudo oculto pela máscara – cada vez mais pesada.

(Era como a história daquela menina, cujo rosto ia crescendo dentro da máscara dentro da qual estava oculto. Doía, machucava, deformava e, eventualmente, a mataria, mas ela não conseguia tirar. Não sozinha.

E ele nunca pode ajudá-la, porque nunca soube.)

X~X~X

[E pensar que isso é praticamente autobiográfico. Não, eu nunca tive nada com o Reita, do the GazettE (sim, é ele o cara com faixa na cara. E quem me dera 8D), mas foi tudo malz ou menos assim. Ainda bem que terminou.

E a viagem foi pra Ouro Preto. Ainda quero voltar lá um dia e curtir tudo direito, porque, basicamente, eu não prestei atenção em quase nada, RERE -q]

Telephone Line

(Hetalia pertence ao Himaruya. Que ele continue fazendo bom uso da marca e nos deixando tirar alguma diversão dela -q)


X~X~X

"Chefe, aqui é o Feliks. Eu sei que já deixei sete recados e que você só vai ligar novamente o celular quando sair do avião, mas prometo que esse é o último. Só para desejar uma boa estadia aí na Rússia e que o Ivan não apronte com o senhor. E que Deus te abençoe."

Polônia desligou o telefone. Não era exatamente de seu feitio ficar ligando para o presidente, mas não era sua culpa se os secretários só apareciam com documentos importantes depois que seu chefe viajava.

E havia alguma coisa que o impelia a ligar para o telefone da sala do presidente - só usado para emergências - e ficar parado, simplesmente sentindo o som da estática preencher a distância.

(Seu coração dizia que alguma coisa estava errada.)

X~X~X

"Feliks, aqui é o Ivan. Aconteceu um acidente com o avião de Mister Kaczynski perto de Smolensk..."

Polônia não escutou o resto da frase do russo. A mão que segurava o telefone foi escorregando até ficar próxima do coração.

(Quase o mesmo caminho de suas lágrimas.)

A estática da ligação expandiu o súbito vazio de seu peito... E Feliks pensou que aquilo só fazia doer mais.

Deixou o telefone cair.

X~X~X

[Drabble mais velho que o mundo -okn

Certo, é da época que o presidente/primeiro-ministro (I'm sorry, can't remember) da Polônia morreu num acidente de avião.

A ideia era mandá-lo pra um chall do TwiHaters, mas meio que não se encaixou no tema e eu acabei esquecendo. Achei hoje, enquanto procurava minhas fics velhas de Naruto no Google Docs (não achei, BTW, e estou puat com isso e_e).

Estranho como é mais fácil gostar das coisas que se escreve tempos depois, não?]