segunda-feira, 18 de abril de 2011

Aproveite o silêncio

("As Brumas de Avalon" não serão minhas nem nas próximas encarnações. Mas toda mulher tem um pouco de sacerdotisa em si.)


~x~

(Para aquela que veio do mar.)

~x~

Votos são ditos para serem quebrados
Sentimentos são intensos
Palavras são triviais
(Depeche Mode – Enjoy The Silence)

-

O momento favorito do dia para Gwenhwyfar era o início da manhã, quando o sono ia deixando lentamente seu corpo e ela podia sentir os braços fortes de seu marido a enlaçando com ternura.

Ela jamais confessaria isso ao padre. Ele a repreenderia, diria que a rainha não podia cair no pecado da preguiça, e lhe passaria ainda mais penitências do que as que ela já fazia por conta própria.

Mas, naqueles momentos de despertar, ela sabia que não era preguiça. Era apenas um momento onde o silêncio tomava conta de Camelot, e Gwen quase acreditava que existiam apenas ela e Arthur no mundo. Tudo o que importava era aquela presença quente e abençoada a seu lado, respirando profundamente, sem nada dizer.


Durante os breves minutos do início da manhã, não existiam palavras e planos que ela não compreendia, não existiam os gritos e rezas das serviçais, não havia intriga ou murmúrios. E não havia nomes familiares sendo repetidos ao ponto de se tornarem odiados. Seu corpo não clamava “Lancelote, Lancelote, Lancelote” a cada passo e os olhos de Arthur não pediam por Morgana.

No silêncio da manhã, era fácil para a rainha Gwenhwyfar acreditar (não, ter certeza) que amava seu rei de todo o coração.

E ela não achava que Deus podia condená-la por isso.


~x~

[Acho que é a segunda vez que escrevo algo de Brumas... Como nunca postei nada no fandom, fica mais fácil perder a conta e esquecer. –Q

Presente pra Morg linda ♥. É de coração, apesar de eu ter certeza de que está uma grande droga sem desenvolvimento algum -qs]

domingo, 17 de abril de 2011

Por Hora

(Ainda não tenho nenhum j-rocker - ou k-popper, for that matter. Mas um dia eu monto uma banda-harém e MASOQ)

X~X~X

Esses sorrisos são tudo o que posso te dar.
(Presente pra Hachi. Te amo, filhotinha <3)

X~X~X

“Por favor, não me dê mais nenhum sorriso que não seja meu.”

Uruha refletiu sobre a frase de Reita, encarando a paisagem que se estendia diante de sua sacada, a xícara de chocolate semi-esquecida ainda nas mãos.
Não era sua intenção primordial afastar Akira daquela maneira. Akira, sempre tão gentil e pronto a sair com ele, a ouvi-lo, a abraçá-lo todas as vezes que pedia. Akira, cujos abraços eram tão macios e quentes que confortavam Kouyou e o faziam esquecer da dor que apertava seu coração todos os dias.

“Por favor, não me dê mais nenhum sorriso que não seja meu.”

Kouyou queria que Akira soubesse que os sorrisos que desejava, ele não tinha mais. Não restara mais nenhum sorriso doce, de alegria ou paixão puras. Só haviam sobrado os sorrisos tristes, que sempre diziam “muito obrigado pelo gesto, mas não é o suficiente“ e que sempre o faziam querer esmurrar o espelho até as mãos sangrarem.

Ele odiava esses sorrisos tanto quanto Reita devia odiá-los, se não mais. Mas era tudo o que ele tinha a dar em troca pelos abraços e pela companhia. Uruha tinha a plena certeza de que Akira era excelente e dava tudo o que podia; era ele quem não tinha mais nada a oferecer.

Mas ele nunca disse isso ao outro, não quando eles tinham aqueles pequenos momentos juntos que calavam momentaneamente o vazio em seu peito, não quando a verdade podia acabar com tudo, como aconteceu naquela noite.

“Não era minha intenção partir o seu coração, Aki. Eu só não queria ter que te dizer que não tinha como te retribuir.”

Kouyou abandonou o chocolate quente – que já tinha esfriado – na mesa de centro, pegando o maço de cigarros e acendendo um. Observou enquanto a fumaça cinza fazia formas indistintas no ar frio, antes de se dissipar completamente. De certo modo, aquilo o ajudava a se acalmar.

Não tinha a mesma eficiência de braços levemente mais musculosos que os seus a lhe rodearem o torso, ou de um corpo menor encostado no dele. Mas era um conforto que não lhe cobrava nada em troca.

Por hora, era o bastante.

X~X~X

[Era pra eu estar estudando, mas fui ler a fic nova da Hachi. Aí saiu isso (e o final da fic pra Miih). RISOS ETERNOS DE QUEM VAI SE FERRAR NA PROVA DE AMANHÃ.

Eu ia postar no Nyah, mas deu uma preguiça do caramba. Fora que eu não achei o botãozinho pra logar -Q *incompetente*]

domingo, 10 de abril de 2011

We are broken



Ela encara o celular, o polegar encostando no número “nove”, pensando no que vai dizer. Mil discursos podem ser feitos. Mil perguntas. O que aconteceu, você nunca mais falou comigo, sinto sua falta, porque você me abandonou, a gente se dava tão bem, foi a religião, foi a música, foi seu namorado, eu te ofendi, onde você está, eu estou com saudades.

Então ela pensa melhor, ainda encarando o papel de parede do celular. O rumo que sua vida tomou desde aquele dia fatídico é tão bom. Amigos novos surgiram, quem está do lado dela mostrou que é porque realmente importava, os gostos mudaram radicalmente, ela não é mais a mesma de quando foi abandonada sem explicações. E nem quer voltar a ser.

Ela fecha o aparelho, o joga sobre a cama e se senta. Ligar agora não faria diferença nenhuma. Uma já não sabe mais o que a outra quer escutar, do que a outra gosta, o que é importante. Há muito tinham se perdido. A vontade de perguntar "por quê?" ainda existe, lá no fundo, mas a verdade é que a saudade já estava morta há tempos.

E, de qualquer maneira, ela já não se lembra mais do número.

X~X~X

[A Louise (@himebambi) lembrou no Twitter de uma pessoa que conhecíamos há uns tempos e que sumiu da vida de quase todo mundo. E isso surgiu.

Só a imagem não me pertence.]