sábado, 16 de outubro de 2010

Dog Days

Celulares com flip só servem para isso mesmo, ele pensou, abrindo e fechando o aparelho. Uma hora ia estragar, o bendito telefone ia acabar quebrando, blábláblá, e sua mente começava a assumir a voz de sua mãe nesse momento. Bem, ele não tinha um cubo mágico para descarregar a ansiedade, então, tinha que se virar com o que estava à disposição.

Esperava uma ligação de cuja certeza deveria duvidar (mas esperava mesmo assim). Ela nunca ligava quando dizia que ia ligar e, de todo jeito, nada estava dando certo para ele naqueles dias, por que isso sairia bem?

(Não “nada dando certo” do tipo “um prédio destruiu minha casa, perdi o emprego e meus pais morreram”. Era um daqueles dias em que as pequenas coisas não davam certo de modo geral. E o conjunto final acabava sendo o mais desagradável possível.)

O telefone acabou tocando. Era ela (quem diria, cumprindo promessas!). Só uma mensagem de texto, mas era ela, de qualquer maneira.

“Achei outro cara. E acho que, finalmente, é o certo para mim. Obrigada pelos dias que passamos juntos. Foram bons. Mas já vou. Beijos.”

Haha. O que ele estava pensando sobre dias ruins mesmo? Melhor reformular e incluir “chutado pela ficante-quase-namorada via mensagem de texto”.

Dava pra piorar mais?

(Foi só uma pergunta retórica, ser supremo que comanda o mundo.)

~*~*~

Em homenagem à pior noite da minha vida. Realmente, eu só preciso aprender a ficar calada. Ou me fechar de novo (e de vez). Quem sabe assim não dá mais certo, né?